Por que colocar as pessoas no centro das estratégias empresariais é tão importante?
Vocês já repararam que as maiores crises e escândalos envolvendo empresas têm como principais causas problemas com pessoas?
Em março de 2023 ano, tivemos um dos principais casos noticiados pela imprensa e as mídias sociais, que divulgaram a triste notícia de um colaborador que faleceu dentro de uma grande multinacional de tecnologia. Órgãos públicos investigam suspeitas de assédio moral e de condições inadequadas de trabalho que surgiram após o ocorrido. (Referência 1)
No mesmo mês, vimos notícias sobre o crescimento de denúncias de trabalho análogo à escravidão, que aumentaram 61% em 2023 e dobraram entre 2021 e 2022, segundo o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O assunto nos faz lembrar de uma crise protagonizada há um ano por vinícolas brasileiras famosas, em que empresas prestadoras de serviços relacionados à colheita de uvas foram flagradas submetendo funcionários a condições violentas e abusivas de trabalho.
O que chama a atenção nas duas situações é a forma como a empresa faz a gestão das pessoas que realizam trabalhos indispensáveis às suas operações, sejam elas contratadas de forma direta ou indireta.
Longe de fazer críticas sem conhecer os casos a fundo, que inclusive estão todos sob investigação de órgãos competentes, essas situações trazem um questionamento importante: será que as empresas estão subestimando a importância do “S” do “ESG”? Será que estão colocando as pessoas no centro das estratégias empresariais?
Preservar os próprios colaboradores deveria ser a principal prioridade para qualquer organização que tenha o respeito aos Direitos Humanos como um valor inegociável.
Cuidar das pessoas impactadas pelas atividades empresariais diz respeito às políticas, cultura e práticas que regem as relações de trabalho, incluindo temas básicos como saúde e segurança; o estilo de liderança da organização; a gestão da diversidade, equidade e inclusão; o relacionamento com comunidades onde há influência das operações da empresa; e a qualidade dos produtos e serviços prestados aos clientes.
O aspecto social é o elo que permeia meio ambiente e governança. Sem ele, não é possível criar valor no longo prazo. O comportamento dos colaboradores impacta, por exemplo, as métricas ambientais e o atingimento de metas relativas ao tema. Empresas com uma cultura de inovação voltada para o meio ambiente e com remuneração de seus executivos atrelada a metas ambientais costumam ser mais sustentáveis.
No que diz respeito à cultura, colocar as pessoas no centro dos processos ajuda a reter talentos, a envolver os colaboradores e a engajá-los nos desafios da empresa. Os resultados positivos se ampliam para além da organização, beneficiando a sua marca empregadora.
Da porta para fora, o foco em pessoas traz produtos e serviços de qualidade e cada vez mais apropriados ao público-alvo, fidelizando clientes. Além disso, a conscientização de um número cada vez maior de consumidores aumentou a sua capacidade crítica com relação à responsabilidade social e ambiental das marcas.
Finalmente, uma empresa com pessoas no centro das estratégias empresariais tem suas operações e marca protegidas por boas práticas e por uma consequente boa reputação. Elas se saem melhor em caso de acidentes ou de imprevistos: a cultura de preservação das pessoas e a valorização do “S” do ESG as torna mais flexíveis e resilientes aos acontecimentos.
E a sua empresa, costuma colocar as pessoas no centro das estratégias?
Os Direitos Humanos são respeitados em todos os processos da sua organização?
Fernanda Toledo
Como CEO da Intelligente Consult, dedico-me a criar soluções estratégicas que estabeleçam uma conexão genuína entre empresas e causas socioambientais. Com uma trajetória profissional robusta, incluindo gestão executiva na Fundação Alphaville e Alphaville Urbanismo, meu foco está em impulsionar a sustentabilidade ambiental e a inovação social como pilares fundamentais para o crescimento corporativo e o progresso comunitário.