Protagonista ou Coadjuvante – Qual o papel de Suprimentos na Inovação?
No mundo artístico, protagonista é o ator ou atriz que representa o papel mais importante numa peça, novela, filme, já o coadjuvante desempenha um papel secundário.
No âmbito empresarial, a pessoa ou área que possui um papel relevante de destaque numa situação ou acontecimento, é o protagonista de tal feito..
Vocês devem estar se perguntando, mas o que isso tudo tem haver com Inovação? Vamos Refletir:
Qual o departamento que detém o conhecimento de mercado?
Qual departamento pode influenciar diretamente no custo final de um produto ou até mesmo aumentar a receita de uma empresa através da redução de custos?
Qual é a porta de entrada dentro das empresas para soluções de mercado?
Se a sua resposta foi Suprimentos, sim você está correto!
No mundo VUCA¹, cheio de incertezas, volátil, complexo e ambiguo e em constante transformação, o departamento de Suprimentos tem duas opções:
- Esperar que outros departamentos inovem e só tragam o processo final para ser contratado; ou;
- Ser protagonista nessa mudança, atuando como catalizador entre os desafios internos e soluções inovadoras de mercado.
Quem melhor do que um profissional de Suprimentos para dialogar com o mercado, conhecer e mapear as novas soluções e finalmente conectar a “dor com o remédio”?
Claro que lidar com o mercado ainda em desenvolvimento requer uma mudança de mindset, cultura e também processos. Quando lidamos com start-ups sabemos que não teremos os 3 últimos balanços patrimoniais, portfolio vasto de clientes, track-record e muitos outros requisitos para se tornar o tão sonhado “Fornecedor”.
Em uma companhia, o departamento de Compras conhece melhor do que ninguém os processos internos, e também o que precisa ser modificado ou adaptado para lidar com essa nova geração de empresas.
A start-up gostaria de ter a experiência e “cabelos brancos” das empresas grandes e as empresas grandes a “agilidade” das start-ups – o segredo está em conciliar esses dois mundos!
Por isso as empresas precisam estar atentas ao que está acontecendo fora dos seus portões.
Empresas e profissionais que estão somente restritos a demandas de ontem, estão fadados a deixar de existir nas próximas décadas.
Agora a pergunta que sempre recebo é: O que é preciso para Inovar dentro da empresa?
Eu resumiria a uma palavra: Adaptabilidade.
Adaptabilidade é a capacidade que um indivíduo ou empresa tem de se adaptar, de acordo com as necessidades, situações e circunstâncias.
Portanto, adaptação e transformação necessárias só acontecerão se a empresa estiver disposta a se moldar a um novo modelo de negócio, estimulando a criatividade, a inovação e novas formas de pensar e fazer negócio.
Em uma demanda tradicional de aquisições: o departamento de compras recebe a demanda por um determinado bem ou serviço, acessa o mercado, negocia, emite um contrato e/ou ordem de compra e recebemos ao fim o bem ou serviço adquirido.
Em um processo de Inovação, o usuário ainda não sabe qual o bem ou serviço ele precisa – ele tem uma “dor” que precisa ser resolvida.
Com isso, um processo de Inovação requer uma mudança conceitual onde o departamento de Suprimentos junto com áreas de inovação, engenharia, comercial, etc – irão mapear as principais “dores” da sua operação.
Após entender e priorizar as maiores “dores”, aí sim é hora de acessar o mercado – lançando o “desafio” que irá trazer diferentes tipos de soluções. Estas deverão ser classificadas, avaliadas tecnnicamente e finalmente temos a Contratação!
Que tal um exemplo prático?
Em uma compra tradicional: Você é comprador de uma empresa e recebe a demanda de comprar X Canetas do modelo Y e da cor Z.
Em um processo de Inovação: O seu cliente definirá a “dor/desafio” dele para escrever, como por exemplo: escrever relatórios de forma célere e menos manual possível.
No primeiro caso, iríamos simplesmente atrás da caneta especificada conforme descrição. No segundo caso, lançaríamos o “desafio” para o mercado informar o que eles tem de solução: poderíamos receber soluções como:
- softwares que transcrevem o que é dito conectado ao E-CPF tornando o documento válido em todo território nacional;
- um tablet eliminando a necessidade de uso de papel e com isso reduzindo todo o efeito cadeia (papeis, correio, impressões, etc);
- entre outras idéias criativas.
Como podem perceber, temos um processo reverso de Contratação, partindo de uma “dor” do usuário as “diversas soluções inovadoras” de mercado, sendo Suprimentos o responsável por conectar desafios a soluções de mercado.
Qual a oportunidade nesse novo modelo?
Primeiramente, Inovação não é sobre Novidade e sim sobre implementar algo que ainda não foi testado na sua organização antes e com isso gerar ganho de eficiência, sustentabilidade e redução de custos!
Muitas soluções caem no “vale da morte” porque simplesmente não conseguem vencer a barreira entre o piloto e a escalabilidade do bem ou serviço. Na maioria das vezes, essas demandas nascem de iniciativas na área de pesquisa e desenvolvimento ou são contratadas através de um processo não competitivo e acabam morrendo após o teste piloto.
Como mudar esse trend? Trazendo Suprimentos para dentro da equação!
Claro que colaboração é palavra de ordem no mundo dos Inovadores e para isso, Suprimentos precisa estar alinhado ao objetivo corporativo, junto com áreas especializadas como: Inovação, Engenharia de produto, área técnical, comercial – vai depender do seu ramo de atuação, sempre resguardando o Compliance e assegurando um processo transparente e competitivo – porém upsidedown!
Fato é que no final do dia, seja start-up ou empresa grande precisará de um instrumento contratual, negociação, monitoramento que só pode ser feito pela área de Suprimentos.
Então se você, profissional de Compras ainda está se perguntando o que fazer: meu conselho é:
Seja o Protagonista da Inovação dentro da sua empresa e assuma um papel relevante de destaque nessa transformação – sucesso do passado, não é sucesso para o futuro!