O que a sua empresa e seu smartphone têm em comum?

O que a sua empresa e seu smartphone têm em comum?

Isso mesmo. Assim como um smartphone, uma empresa tem um sistema operacional organizacional. A única diferença é que esse sistema operacional não é programado em códigos e sim em crenças, princípios e práticas.

Inspirados pela mecânica das indústrias e motores, a gestão e as empresas foram, durante muito tempo, comparadas com máquinas e engrenagens. Mas a tecnologia da informação mudou tudo.

Passamos de uma onda mecanicista para a onda digital ou da informação. Um movimento que foi desencadeado por transformações tecnológicas que começaram com os chips de silício, computadores e redes, mas que hoje influenciam cada aspecto do nosso dia a dia.

Essa nova onda trouxe também maneiras contemporâneas de se fazer e conduzir negócios e, consequentemente, dificuldades para organizações estabelecidas e não adaptadas ao contexto digital. As empresas que nasceram nessa era – as nativas digitais como Google, Amazon, Facebook ou Twitter – carregam características bem diferentes dos negócios que já estavam por aqui, destacando: a estratégia e operação centrada no usuário, e alta capacidade de aprender e se adaptar.

Se o ambiente de negócios já era desafiador para os modelos de organização estabelecidas e não digitais, com a COVID 19 ele ficou ainda mais volátil e competitivo, trazendo novos desafios como um mercado ainda mais retraído, mudanças constantes no comportamento dos clientes e virtualização, flexibilização e novos sentidos para o trabalho.

Com tantas e constantes mudanças, as tradicionais fontes de vantagem competitiva dos negócios se tornam obsoletas e as habilidades que vimos nas organizações mais digitais emergem como essenciais, principalmente

  1. A capacidade de aprendizado e adaptação a novos cenários;
  2. A visão centrada no cliente;
  3. O contexto que impulsiona as pessoas a evoluírem.

Se a sua empresa tem dificuldade em aprender e se adaptar a mudanças na vida dos seus clientes, ou se as práticas do seu negócio travam o potencial das pessoas, seu sistema operacional pode estar desatualizado.

Isso mesmo, assim como um smartphone, uma empresa tem um sistema operacional organizacional. A única diferença é que esse sistema operacional não é programado em códigos e sim em crenças, princípios e práticas.

Um smartphone é um computador. Assim como todo computador, é composto de processadores, memória, um display, interfaces de rede e outros recursos. Gerir todos esses componentes e usá-los de forma ótima é um trabalho extremamente desafiador. Por essa razão, todos os computadores, incluindo os smartphones são equipados com uma camada de software chamada Sistema Operacional (em inglês Operating System – OS). Você deve conhecê-lo como iOS se você tem um iPhone, ou Android para a grande maioria dos aparelhos. O trabalho desse software, o OS, é permitir que os aplicativos acessem os recursos de forma a entregar o maior valor e a melhor experiência para os usuários.

Fazendo um paralelo, uma empresa tem o seu hardware – seus recursos materiais, de infra-estrutura, informação, conhecimento e sabedoria. A partir desses recursos, os times – assim como os aplicativos – combinam suas capacidades para gerar valor para clientes internos e externos. Entre os recursos da empresa, e as pessoas e times está o sistema operacional organizacional. Ele é a base sobre a qual se tomam decisões, se define como as pessoas se organizam, trabalham e são reconhecidas, ou ainda sobre a qual é possível compreender o que a organização valoriza.

O DESENHO DO SISTEMA OPERACIONAL ORGANIZACIONAL

DESENHO DO SISTEMA OPERACIONAL ORGANIZACIONAL - Blog Na Garage

fonte: produzido pelos autores do artigo

Mais especificamente, o sistema operacional organizacional é um conjunto de frameworks que organizam as relações formais e informais de uma organização, estabelece os níveis de controle e autoridade, define como trabalhos e tarefas se organizam e são agrupados, e orienta a organização da experiência do funcionário.

Em empresas nas quais o sistema operacional é inadequado, existe confusão entre papéis, ausência de mecanismos de coordenação, falhas nos mecanismos de compartilhamento e aprendizado, processo decisório lento e excesso de complexidade, estresse e conflitos.

O desafio para diversas empresas, é que muitas vezes seu sistema operacional organizacional não é programado e reprogramado de forma consciente. Ele simplesmente vai se formando com o tempo. Se você quer realmente tornar o seu negócio mais ágil, digital, atraente e saudável, e aumentar a performance e relevância dele, o seu sistema operacional organizacional deve:

Ser projetado e implementado com uma intenção clara. Ele precisa estar alinhado à essência e pressupostos da sua organização, além de conscientemente associado aos seus objetivos e proposta de valor para seus clientes e outros stakeholders.

Ser constantemente atualizado ou renovado. A sociedade, a economia e o mundo está diferente. O problema é que muitas empresas continuam usando um sistema operacional estático com mais de 100 anos de idade, construído sobre as bases da teoria da administração e os modelos de Henry Ford e seus contemporâneos do da era do petróleo – quando nem os smartphones existiam.

Portanto, quando líderes e times são demandados a serem mais “ágeis”, transformar o modelo de negócios, romper silos, facilitar o compartilhamento de informação, ser mais inovador, acelerar ou melhorar a tomada de decisão, não é sobre transformar a cultura ou trazer novas tecnologias, é sobre atualizar o sistema operacional da sua organização.

Os fatores do sistema operacional organizacional

Em um estudo que conectou empresas auto consideradas mecânicas ou reconhecidamente digitais, mapeamos os principais fatores que influenciam na criação de um sistema operacional que favoreça ou atrapalhe a adaptação e a performance da empresa e das pessoas ao contexto da era digital ou da informação.

FATORES PRINCIPAIS DO SISTEMA OPERACIONAL ORGANIZACIONAL

Os fatores do sistema operacional organizacional - Blog Na Garage

fonte: produzido pelos autores em estudo de 2018

O estudo demonstrou que esses fatores estão ligados com a promoção das principais competências demandadas no contexto da era digital: a capacidade de aprendizado e adaptação, a visão centrada no usuário e a capacidade de mobilizar a subjetividade das pessoas da organização.

Suportado também por outras teorias e outros artigos podemos associar essas características com o impacto positivo em performance financeira e awareness, lealdade dos clientes, capacidade de adaptação em momentos adversos, e ainda aumento da atratividade, satisfação e bem estar das pessoas que trabalham na organização.

Bizhack

Motivados por compartilhar não apenas o resultado dos nossos estudos e experiências, bem como permitir que líderes, executivos, times e empreendedores possam reprogramar os seus sistemas operacionais com sucesso, criamos uma linguagem de programação. A linguagem Bizhack.

Como uma linguagem de programação de softwares, a linguagem Bizhack reúne instruções, ferramentas e um modelo de trabalho. Assim, esperamos que qualquer organização possa aproveitar a sua tradição, os talentos e o conhecimento que já tem, mas se reprogramar para caminhar para um novo patamar. Mais centrado no usuário, saudável e digital.

Baseado no manifesto ágil e no nos métodos contemporâneos de design e desenvolvimento de software, o processo cíclico da linguagem Bizhack tem quatro etapas: Compreensão, Construção, Entrega e Mensuração, conforme a figura abaixo:

Bizhack1 - Blog Na Garage

fonte: produzido pelos autores (weme 2020)

Bizhack2 - Blog Na Garage

fonte: produzido pelos autores

Muitas empresas gastam meses planejando revisões de sua estrutura ou iniciativas de transformação digital assumindo que sabem o que seus clientes e colaboradores esperam e precisam.

A abordagem bizhack, ao contrário, torna explícito que não existe um grande lançamento de um novo sistema operacional, ou uma transformação que tem data de lançamento agendada.

O trabalho de programar ou reprogramar o sistema operacional organizacional é um processo iterativo de entrega e aprendizado diário.

A cada sprint e revisão das prioridades há evolução na transição para um sistema mais ágil, digital e saudável.

Utilizando esse processo, líderes e times podem manter o seu sistema atualizado ampliando a performance de seu negócio e impulsionando as pessoas e times na organização.

Líder de estratégia e transição cultural na Weme | + posts
Co-fundador da Weme e Bud | + posts
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